sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Entrevista com o fotógrafo Chico Atanásio.

Oi pessoas queridas! Com grande prazer consegui concluir mais um entrevista com mais um fotógrafo daqui de pernambuco. Conheci Chico pelos grupo de fotógrafos do facebook "fotógrafos recife" um espaço bastante democrático que agrega pessoas com conhecimentos variados e onde as pessoas podem compartilhar  seus trabalhos e trocar experiências. Chico já me quebrou muito galhos nessa vida, pois eu não domino edição em photoshop  pelo mau costume de usar o lightroom e corel draw apenas (mas isso fica pra outra hora), daí ele sempre me passa ótimas dicas e me ajuda com críticas bacanas nos trabalhos que compartilho com ele. Outra coisa engraçada é que conheci parte do trabalho dele antes de conhece-lo, pois estudamos na mesma universidade e vi uma exposição de indumentárias que continha parte do trabalho dele e dos outros alunos, um tempo depois vendo as fotos dele no facebook foi que associei o trabalho a pessoa e isso foi bem bacana. Decidi convida-lo por ele ser sempre cordial e receptivo, não me surpreendeu ele topar a entrevista, pois o cara é bem gente boa! [digo isso por já ter tido pedidos de entrevista que sequer foram respondidos com um não] Mas a gente aqui não perde tempo, não! se tem gente boa e que precisa ser mostrada, tenha certeza que eu tentarei. 


Chico Atanásio



Qual a sua idade?

9 anos de fotografia.

Qual a sua formação?

Design pela UFPE.

Como a sua formação influencia seu trabalho?

Com o Design eu aprendi a teoria da linguagem visual, metodologia de criação e técnicas para desenvolvimento da criatividade.

Quando foi seu primeiro contato com a fotografia?

Eu estava passeando com uma tia minha num shoping e vi numa loja fotográfica um kit de câmera e point and shot com flash. Não sei porque, mas achei muito interessante. Fiquei hipnotizado com a oferta e parei de frente para a vitrine. "Uma câmera e um Flash embalados juntos em cartão de papelão verde e com o plástico moldado cobrindo tudo. Pilhas inclusas". Não era de sair pedindo as coisas que via, mas diante da sena nem era precisou perguntar para ver que eu tinha ficado interessado. Acho que quando ela me ofereceu eu relutei um pouco com medo que fosse caro. Se não me engano custou algo em torno de uns R$7,00 na época. Isso ajudou muito!! Esperei o São João que estava muito próximo para fazer minha estreia. Em tal data precisei pedir ajuda a um adulto para colocar o filme porque a câmera era tão simples que nem possuía aquela bobina onde se prende a ponta do filme para enrola quando o avançávamos manualmente a cada foto batida. Resolvemos a questão e passei a festa fazendo os retratos dos familiares nas suas rodas de conversas de adultos, sentados nos sofás e bancos espalhados pela casa dos meus avós maternos. Depois das 24 fotos e mais algumas excedentes porque o filme não havia sido puxado de mais, algo me incomodava. Ao chegar em casa, antes de rebobinar o filme eu tinha de descobrir como ele ficava armazenada se lá não havia nada para ele se enrolar. Isso não estava me deixando dormir, tinha de descobrir isso e matar a curiosidade. O jeito que tinha era abrir para ver. Eu tinha de fazer o TESTE TST (Teste São Tomé), eu tinha de ver para crer!! Mas eu sabia que não podia abrir em qualquer lugar pois a luz poderia estragar... Tinha de ser num lugar escuro e então fui para o banheiro do quarto dos meus pais. Apaguei a luz e esperei algum tempo até me acostumar com o escuro e poder ver alguma coisa. Finalmente abri e fechei rapidamente. Vi que de alguma forma o filme estava fora do magazine e todo enrolado. Mas enrolado onde?? Foi muito rápido e não consegui ver isso. Tive de abrir uma segunda vez e demorei um pouco mais de tempo para observar o mecanismo. Fechei e fiquei com a máquina na mão e encostado na pia tentando imaginar como aquilo era possível. Lembrei que ela era acondicionado no magazine todo enroladinho e por isso sua tendência natural seria se manter daquela forma. Por isso ele não precisava de nenhuma assistência para ficar enrolado. E o mistério estava resolvido, viva! Muito feliz por ter resolvido o caso, abri mais uma vez para admirar minha descoberta. Eu iria finalmente conseguir dormir em paz naquela noite. Com muito cuidado rebobinei o filme e deixei separado para que alguém pudesse levar para revelar. Uns 2 dias depois eu ja estava muito ansioso para ver o resultado das minhas fotos. Enquanto as procurava no meio das fotos da outra máquina recebo a decepcionante notícia... Todas as fotos tinham queimado, e a coitada da máquina foi quem levou a culpa. Só muitos anos depois foi que entendi o que fiz e essa é a primeira vez que eu revelei ter aberto a máquina. E não apenas uma, mas três vezes. Não farei mais isso.

Você é/foi apoiado por familiares nas suas decisões profissionais?

  
Sim. Mas a principio a fotografia não seria uma opção profissional. Na época as fotos que eu vinha fazendo serviam para compor relatórios de atividades extracurriculares para o curso. Depois que terminei uma disciplina de fotografia no curso de Design com o Professor Clilton Galamba, eu acabei substituindo meu pai em um curso de estúdio que ele queria fazer mas ficou sem tempo. Seria a continuação de um curso básico que ele havia feito e depois me dado suas apostilas e exercícios para eu fazer por conta própria.

Analógica ou digital?

              
 Aprendi com o analógico e câmera mecânica. Recomendo essa didática para o aprendizado, mas atualmente uso digital.
               
Entendo a fotografia como um processo de construção e a revelação da foto faz parte desse conjunto de etapas. Tive muitas dificuldades com o analógico porque o laboratorista não via a mesma coisa que eu vi quando fiz a foto. Eu não entendia porque ficavam diferente.
              
 Depois de ter passado pelo curso de fotografia no Instituto Politécnico de Tomar entendi melhor esse universo. Vejo poucas mudanças no processo de fotografar das rudimentares câmeras de 1900 para as nossas atuais. Para além de alguns aperfeiçoamentos tecnológicos tudo se resume a um sistema óptico, um obturador e uma câmara escura com um suporte fotossensível dentro dela.

Quais seus Fotógrafos e artistas de referência?

Primeiro é o Ansel Adams e o que ele representa dentro da  “straight photography”, Depois o Man Ray com seus experimentos, o grupo Life e National Geographic (que somam um peso incalculável a história da fotografia documental), desenhos em giz de cera de Francisco Brennand e tantos outros que vão aparecendo a cada livro que lemos. Minha última referência é o Paul Valéry que dizia: "Um artista nunca termina seu trabalho. Ele apenas o abandona."

Que tipos de fotografia você mais gosta de fazer?

Pessoas.

Que tipos de fotografia são mais problemáticas de fazer e por quê?

              
Para mim são as paisagens... elas não viram um pouco mais de lado se você pedir e não costumam reagir a elogios ou provocações! rsrsrs
              
Eu acho difícil porque a paisagem vai existir apenas naquele local e posição. Não podemos transportar ela para um lugar de luz controlada como um estúdio e passar horas estudando a melhor forma de fotografa-la. Ainda assim pode-se pensar que o fato de ela não se mover e parecer estar ali sempre do mesmo jeito acaba sendo um engano. Mesmo ela podendo ser composta de objetos estáticos, elas está sempre mudando de aparência com o sol que segue seu percurso e com as nuvens que passam. Nada está sob controle. É preciso ter muita paciência e deixar a natureza se revelar. Tenho de me conformar com isso.

O que você poderia acrescentar a respeito da formação profissional em fotografia, a partir de que momento o fotógrafo deixa de ser amador e passa a ser profissional?

Acho que como em qualquer área, ele passa a ser profissional a partir do momento que a vida dele depende do exercício daquela atividade. Mesmo que ele seja despreparado ou até mesmo ruim, se ele sobrevive as custas da fotografia que faz, ele é um profissional. Eu nem gosto de categorizar equipamento como câmera amadora ou câmera profissional. Hoje o que mais se tem é amador com câmera classificada profissional e profissional com câmera classificada como amadora.

Você já teve alguma experiência fora do comum em algum trabalho e que possa compartilhar conosco?
               
Ainda estou esperando por esse momento.

Você já teve alguma foto publicada em algum lugar que foi bastante significativo pra você?
               
Acho que são as fotos que faço das pessoas e elas acabam as usando como sua foto de perfis em mídias, redes sociais, etc. É como se realmente eu tivesse conseguido entender e traduzir como ou o que aquela pessoa é ou gostaria de parecer. E ela se reconhecer naquele personagem que eu imaginei é um atestado de sucesso.

Que dicas você pode deixar pra quem quer começar a fotografar?

Fotografe muito seus amigos. E se quiser entrar para o ramo profissional procure quem esteja nele a mais tempo.

Quais os seus endereços na web ou endereços físicos pra quem queira conhecer seu trabalho possam visitar?

               StudioLumiarBelem

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